quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Estudo mostra a vida e trabalho de mulheres do seringal, no Amazonas - Pesquisa foca nas décadas de 1940 e 1950 e tem apoio da Fapeam

 
Um estudo idealizado pela mestranda em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Agda Lima Brito, procura compreender como era o mundo do trabalho de mulheres dentro dos seringais, assim como também a história de mulheres nascidas na região entre as décadas de 1940 e 1950. O projeto de pesquisa é fomentado pelo Governo do Amazonas, por meio do programa RH-Mestrado, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e teve início em 2015.

De acordo com Agda, o estudo descobriu que essas mulheres que trabalharam nessas regiões buscaram formas de consumir em menor escala nos barracões onde viviam, para não aumentar a dívida de suas famílias. “Em um período em que o direito de muitos trabalhadores foi burlado pelos donos de seringais e os contratos assinados por esses trabalhadores não foram devidamente cumpridos, nos chamou atenção a história dessas mulheres que foram trabalhar nesses locais. Elas viviam sob constante vigia e repressão dos patrões, e foram se utilizando daquilo que a floresta podia oferecer para tentar amenizar a falta de assistência que não chegava naquelas regiões mais distantes do Amazonas”, explicou Agda Brito.

O projeto surgiu quando a pesquisadora estava finalizando a graduação em História na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e contou com a ajuda, naquele primeiro momento, dos professores doutores, César Augusto Queirós e Nelson Tomelin, que a auxiliaram na construção da pesquisa. O eixo principal consiste em analisar entrevistas de mulheres e homens que viveram nos seringais em diferentes regiões do Amazonas. Ainda que ao longo da pesquisa sejam usados outros recursos, Agda entende que as fontes orais trazem um peso maior em se tratando de delinear como essas trabalhadoras foram essenciais para a sobrevivência de suas famílias nessas regiões.

“O trabalho feminino foi fundamental naquele período não só para a sobrevivência dessas famílias, mas também para resistir aos desmandos dos patrões. Acredito que escutar e observar a humanidade contribui para enriquecer a pesquisa, como afirma Alessandro Portelli – especialista na metodologia da História Oral: ‘os excluídos, os marginalizados, os sem-poder, têm voz, mas não há ninguém que os escute’. É importante que a História redima esse silêncio”, afirmou a pesquisadora.

Cultura amazônica - Para Agda, evidenciar as dificuldades que essas mulheres enfrentaram e como resistiram, trabalhando em atividades que constituem a história do povo amazônico, como a produção de farinha, a coleta da castanha, a pesca, o trabalho na roça, a prática de curas e assistências que vão sendo trocadas em seus cotidianos, é de fundamental importância para construção e continuidade da cultura da região amazônica.

“É relevante tratar um tema como esse, tendo em vista o grau de importância que essas mulheres desempenharam e desempenham até hoje nas regiões do interior do Amazonas onde, em muitos casos, elas não têm seus direitos de trabalhadoras dos seringais reconhecidos, ainda que desempenhem funções iguais a dos homens. Acredito que essa pesquisa contribuirá e muito para discussões na região onde durante muito tempo as mulheres ficaram invisíveis”, disse a pesquisadora.

Apoio da Fapeam - A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas apoia diversos projetos de pesquisa que são estudos para a formação de novos mestres e doutores no Estado. Segundo Agda Lima, esse incentivo é muito importante para que a história da Amazônia seja contada, como é o caso do projeto que ela vem desenvolvendo.

“Acredito que a Fapeam é fundamental para a formação de muitos projetos existentes no Amazonas, financiando grandes trabalhos de pesquisadores, não só da cidade de Manaus, mas do interior também. Isso é uma iniciativa de grande relevância e que gera grandes contribuições para o presente e futuro do nosso Estado”, finalizou.

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