Por Roberto Brasil
Nesta quinta-feira (21), a
Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) sediou as discussões em
torno do futuro das hidrovias e da capacidade dos Estados que compõem a
Amazônia Ocidental de desenvolverem projetos de aproveitamento racional do leito
dos rios para o desenvolvimento econômico e social da região.
O PHE leva em consideração
maior utilização de hidrovias, que resulta em menores custos de transporte para
as commodities e, como consequência, em preços mais baixos e uma posição mais
competitiva dos produtos ‘made in Amazonas’ no mercado mundial.
Na abertura
do seminário “O Futuro Amazônico: Hidrovias 2014 a 2031”, o
governador em exercício José Melo disse que os investimentos nas rotas
hidroviárias têm de ser vistos como grandes apostas para a expansão do comércio
e do fluxo turístico com eficiência. Ele considerou como ‘equivocadas’ as
comparações primárias entre custos do transporte rodoviário, ferroviário e
hidroviário, não considerando cada via determinada e algumas variáveis como
distância percorrida, tempo de transporte, benefícios sociais, entre outras.
“O hidroviário interior é um
modal fundamental na maioria dos Estados da Região Norte e assim pode
continuar. Mas dois aspectos precisam ser levados em conta. O primeiro é a
navegação segura, importante para a manutenção do fluxo de barcos durante o ano
inteiro.
O segundo é a garantia do uso
racional para o escoamento das riquezas produzidas, sejam industriais ou do
setor primário, porque dissociar o uso de uma hidrovia do crescimento do Estado
é um contrassenso econômico”, considerou Melo.
Para o coordenador geral de
planejamento da Secretaria de Política Nacional de Transportes do Ministério
dos Transportes (MT), Luiz Carlos Rodrigues Ribeiro, que intermediou as
discussões, o principal objetivo do encontro é criar metas para possibilitar a
navegabilidade e aumento da capacidade do transporte de cargas pelas hidrovias.
“Nosso objetivo aqui é ouvir as principais entidades do setor a fim de validar
o plano e adequá-lo ao planejamento global”, explicou.
O cientista ambiental João
Pedro Gomes Cardozo assegura que a ideia do uso racional do sistema
Solimões/Amazonas é válida como alternativa socioambiental, pois não impacta o
bioma amazônico nem interfere na vida das populações tradicionais e
ribeirinhas. O especialista ressaltou que, para ser competitivo
internacionalmente, o Amazonas deve construir também a competência ambiental,
algo que está diretamente relacionado nos planos da hidrovia.
“Garantir água de qualidade e
em quantidade, ar respirável, biodiversidade dos distintos biomas e ecossistemas
a eles associados, condições de vida adequadas nos municípios, eficiência
energética e produção de renováveis a partir da biomassa são da agenda
ambiental e fundamentais para essa competitividade. O PHE vai trazer melhorias
fantásticas em todos esses fatores, o que é um bom negócio para o Amazonas”,
afirmou.
As discussões sobre PHE seguem
até amanhã (22) na Fieam e devem englobar ainda os gargalos que interferem no
transporte de cargas e passageiros no Estado, além da atual situação e
perspectivas dos transportes aquaviários nos municípios.//blogdafloresta.