O Governo do Amazonas, por meio da
Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), prepara-se para levar o teste rápido de
diagnóstico da tuberculose para o interior do Estado. O exame, que é oferecido
de maneira pioneira no Brasil em Manaus e no Rio de Janeiro, permite a
identificação mais célere e precisa da doença, o que ajuda a antecipar o
tratamento. São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga estão no cronograma para
receber o teste rápido no segundo semestre.
Com o procedimento, conhecido como
GeneXpert, o resultado do exame sai em duas horas. O ganho no tempo ajuda a
antecipar o tratamento da doença em quase um mês. O resultado do exame
convencional, do escarro, que ainda é empregado na rede de saúde, demora em
média 45 dias para ficar pronto.
“Para o interior, a perspectiva é que
possamos instalar em Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira, que registram
números expressivos da doença. Esse teste é muito mais sensível que o exame de
escarro convencional e isso faz com que a captação de pacientes positivos seja
muito maior”, informou o presidente da FVS, Bernardino Albuquerque.
Capacitação – A
meta do Governo Estadual é aumentar o diagnóstico precoce. Logo no primeiro mês
tomando os remédios, o doente deixa de transmitir a bactéria. Com esse fim,
além do reforço na busca ativa e nos mecanismos de identificação, vem apostando
na qualificação dos profissionais de saúde. Nesta quarta-feira, 27 de março, a
FVS realizou o 2º Seminário Estadual de Tuberculose, no auditório do Instituto
da Mulher Dona Lindu, treinando profissionais dos núcleos hospitalares de
epidemiologia e apresentando os números mais recentes da doença no Estado e as
novas técnicas de tratamento.
“Queremos chamar a atenção
para a biossegurança, mas também para o papel do trabalhador no controle. Em
função do tratamento ser ainda prolongado, há necessidade de sensibilizar os
pacientes e os familiares no sentido de que o paciente não abandone. Com isso,
eliminaremos um fator de risco extremamente importante que é justamente o
abandono de tratamento”, frisou.
Entre 12% e 20% dos doentes no
Amazonas largam o tratamento da tuberculose nos primeiros meses, quando o
efeito dos remédios dá a sensação falsa de cura. A imprudência se reflete nos
números. Manaus é a quarta cidade brasileira com o maior registro de mortes por
tuberculose.
Casos no Amazonas – No
ano passado, o Amazonas liderou o ranking da doença no Brasil, segundo o
Ministério da Saúde. Foram 2.999 casos. Até fevereiro deste ano, 440 novos
casos já foram notificados, 360 na capital. Segundo o Secretário de Saúde de
Manaus, Evandro Melo, houve um crescimento de aproximadamente 50% nos
diagnósticos em virtude da busca ativa intensificada pelos agentes de saúde nas
áreas de risco. Os casos já existiam, mas havia subnotificação, afirma.
“Cada unidade no seu
território, na visita do agente comunitário de saúde, vai buscar o sintomático
respiratório. Esse sintomático é referenciado para a unidade para fazer o teste
e saber se tem a ver com a tuberculose”, disse Melo.
Luta contra o preconceito – O
estudante Nikson Assis, 14 anos, está fazendo tratamento há cinco meses na
policlínica Cardoso Fontes, localizada na rua Lobo D’Almada, no Centro, zona
sul. Com a descoberta da doença, que provocou caroços no pescoço, enfrentou
muito preconceito, inclusive na escola. Mas o adolescente, que estava
acompanhado da mãe na consulta, enfrentou tudo de cabeça erguida.
Ele aconselha as pessoas com suspeita
da doença a não se abater pelo medo e pelo preconceito dos outros. “Busque, não
tenha vergonha. Não se esconda porque isso é muito sério e pode levar à morte.
Comece o tratamento cedo. Se tiver o sintoma, vai logo ao médico se consultar
porque com essa doença não se brinca”.
A diretora da policlínica Cardoso
Fontes, Irineide Assunção, explica que o principal sintoma da tuberculose é a
tosse persistente. Três semanas com esse sintoma, a pessoa já deve procurar um
médico para uma avaliação mais profunda.
“Toda pessoa que tem tosse com mais
de três semanas deve procurar a unidade mais próxima de sua residência porque
pode ser tuberculose. É uma doença que tem cura e o tratamento dura seis meses.
Se ele fizer direito vai ficar curado. Se não, desenvolve resistência às drogas
e o tratamento é muito mais forte e passa a ser de um ano de oito meses”,
orientou.