Alunos
que estudam na Escola Municipal Hérvila Souza de Assis, localizada no município
de Iranduba (localizado na Região Metropolitana de Manaus), aonde a sensação
térmica chega a mais de 40 graus, têm a saúde e o rendimento escolar
comprometido por conta do calor e constantes reclamações. A falta de
infraestrutura leva professores a comercializar ‘dindins’ para manter
ventiladores e bebedouros em funcionamento. A reportagem do portal acritica.com esteve na tarde desta
terça-feira (30) na casa alugada pela Prefeitura do Município para abrigar a
escola e pôde constatar os inúmeros transtornos aos
quais alunos e professores são submetidos.
Segundo a direção da escola, são em média 152 alunos
divididos nos turnos da manhã e tarde. Sem a climatização adequada nas salas de
aula, os alunos já tiveram problemas de saúde que chegaram a afastar alguns das
atividades escolares.
Em uma das salas, que abriga 16 crianças, apenas um
ventilador espalha uma brisa quente. Questionada sobre como ministra suas
aulas, uma professora que não quis revelar seu nome, assegurou que todos os
dias pede ajuda a Deus, para que não precise socorrer um de seus alunos.
“Só a misericórdia de Deus para manter essas crianças em pé.
Temos vivido dias de um calor descomunal, as crianças apresentam dificuldade em
se manter concentradas e é difícil passar mais de uma atividade por dia”,
lamentou.
Nos dias em que existe queda de energia a situação é ainda
pior. De acordo com Karen Abreu de Moares Taveira, 21, mãe de um aluno com
cinco anos e que frequenta o 1º período do ensino infantil, o gesto de levar
seu filho até a escola deixou de ser prazeroso.
Ela explicou que além de febres frequentes seu filho já teve
que ser tirado às pressas da escola por sentir fortes dores de cabeça.
“Ofertar educação é a prioridade de toda mãe que quer bem ao
seu filho. Aqui encontramos professores motivados a trabalhar, mas, sem
condições técnicas para isso”, ressaltou, lembrando que apenas semanas atrás,
tinha que levar a criança as 13h para a escola e pegar novamente às 15h, já
que, o local ficou sem ofertar água e merenda naquele período.
Brechó para angariar bebedouro
Ela lembra ainda, que ‘dindins’ – sucos congelados, vendidos
ensacados – são produzidos para que a escola mantenha em funcionamento
ventiladores e outros bens.
“A situação seria bem pior se não tivéssemos comprado um
bebedouro. Organizamos um brechó para arrecadar o dinheiro”, disse, uma
funcionária, que com medo de represália solicitou sigilo da fonte.
A gestora da escola que se identificou a reportagem apenas
como Maíra, explicou que a escola já funciona naquele prédio há seis anos e que
“apesar dos muitos problemas a estrutura do local já foi bastante melhorada”.
Maíra que disse estar ocupando o cargo desde junho deste
ano, frisou que a situação deve ser corrigida já no próximo ano “quando uma
creche será entregue pelo Governo do Estado em parceria com a Prefeitura”.
Procurado
pela reportagem de acritica.com o secretario municipal de Educação de Iranduba,
José Donato, relacionou a construção da ponte Rio Negro ao aumento da demanda
de alunos na escola.
“O advento da ponte fez com que mais crianças fossem
matriculadas em nossas escolas. E temos que lembrar que trabalhamos sempre com
o censo do ano anterior, embora tenhamos feitos todos os esforços não
conseguimos resolver o problema”, falou, admitindo que o município não possui
condições de arcar sozinho com a educação infantil.
José Donato confirmou a inauguração de um novo espaço para
abrigar as crianças, mas, disse nem todas serão realocadas para a nova
creche.“As crianças de quatro até cinco anos serão matriculadas no novo espaço,
as demais serão direcionadas a outras escolas.
O secretario prometeu que a partir de 2013 o atual espaço
ocupado pela escola municipal será desativado. Ele não soube precisar o valor
do aluguel pago pela utilização do atual espaço.
Desidratação é a primeira preocupação
Para a pediatra Andrea Helena Galvão Gonçalves Brandão, as
crianças da Escola Hérvila são um alvo fácil para a desidratação. “Essa é a
primeira preocupação, essas crianças estão expostas a desmaios, queda de pressão,
dores de cabeça e problemas respiratórios.
Não existem as mínimas condições para que elas possam
assimilar conhecimento”, disse, frisando que o ideal não só para crianças, mas,
também para adultos neste período do ano, é realizar atividades educacionais,
esportivas ou de trabalho em ambientes com vasta circulação de ar.
Fonte: acritica.com