quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Eirunepé receberá ajuda federal para familias afetadas pela cheia do Juruá

O número de famílias afetadas com a cheia do rio Juruá, no Amazonas, já chega a seis mil, segundo informou o Subcomando de Ações de Defesa Civil do Estado (Subcomadec).  O Boletim de acompanhamento do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) aponta que, na bacia do Juruá, no médio Juruá, o nível da água está apenas 1,18 metros abaixo da maior cheia registrada na série histórica, em 1986.
Nesta quarta-feira, o governo federal, por meio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, reconheceu a situação de emergência nos sete municípios da calha do Juruá, homologando a situação de emergência por meio de publicação no Diário Oficial da União (DOU).
Também nesta quarta, o Subcomadec promoveu uma reunião com representantes de outros órgãos estaduais para definir as medidas que devem ser tomadas em cada município, prazos e recursos, mas nada foi definido, informou a assessoria do Subcomando.
Segundo a assessoria do Subcomadec, com a homologação da situação de emergência na calha do Juruá pelo Governo Federal, o Amazonas deverá receber recursos federais para ajudar na assistência e reestruturação dos municípios afetados pela cheia.
Mas o valor dos repasses ainda não foi definido. Os municípios em situação de emergência são Carauari, Eirunepé, Envira, Guajará, Ipixuna, Itamarati e Juruá.
Se a calha do Juruá é a que mais enfrenta problemas, a região do Alto Solimões também preocupa o Subcomadec. Segundo o órgão, os municípios do Alto Solimões estão em situação de alerta. Já a calha do rio Negro está em monitoramento.
Marcas superadas
Segundo o hidrólogo do CPRM, Daniel Oliveira, as calhas dos rios Juruá e Solimões já apresentam cotas acima das registradas no mesmo período do ano passado e, até mesmo, superiores às atingidas na mesma data, nos anos em que esses dois rios sofreram as maiores cheias da história.
 “Desde o Alto Solimões até o Baixo Solimões o nível do rio, hoje (15), está acima do registrado em anos anteriores. Mas o Alto Juruá é a região que está preocupando mais, principalmente próximo aos municípios de Eirunepé e Pauiní. Como está chovendo muito na cabeceira dos rios, o nível do Alto Juruá aumenta mais rápido, já que a bacia do rio, naquela altura, é mais estreita”, explicou.
De acordo com as medições feitas pelo CPRM no Médio Juruá – o órgão não tem estação  hidrológica no Alto Juruá – a cota do rio estava em 14,10 metros nesta quarta-feira. Esse índice é bem maior que o registrado no mesmo dia de 2011, quando nível da água era de 10,68 metros, e também está acima do registrado na mesma data de 1986, ano da maior cheia do rio, que foi de 12,78 metros.
O rio Solimões também está com o nível acima das cotas registradas no ano passado e nos anos das maiores cheias. De acordo com o boletim de monitoramento do CPRM, a bacia do Solimões apresenta níveis d’água elevados para esta época do ano.
 Segundo Oliveira, no Alto Solimões, a cota, na última terça-feira, era de 11,90 metros, enquanto que no mesmo dia de 2011 o nível do rio marcava 7,30 metros. E em 1999, ano da cheia recorde, a cota do rio no dia 14 de fevereiro era de 11,81 metros.
Já no Baixo Solimões, na região de Coari, o nível do rio, em 14 de fevereiro deste ano, era de 13,76 metros. Ano passado, a cota era de 8,70 metros e em 2009, ano da maior cheia, o rio atingia a marca dos 13,24 metros neste mesmo dia.
O rio Javari é outro que já ultrapassa a cota registrada em anos anteriores, no mesmo período. A última medição feita pelo CPRM aponta que, lá, o nível d’água está em 14,72 metros,  1,17 metros acima do registrado na mesma data do ano que teve a maior cheia – 1993 -, que foi de 13,55.
Chuvas
Para a chefe do 1º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Lúcia Goularte, o nível elevado nas calhas dos rios Juruá e Solimões está diretamente relacionado às chuvas acima da média que atingem a região.
Segundo ela, vários municípios da calha do Juruá – como Eirunepé, Juruá, Ipixuna, Guajará, Boca do Acre e Lábrea – estão com chuvas acima da média desde o dia 5 de fevereiro. “E não pára de chover. Todo dia chove um pouco nesses municípios. E essas chuvas contribuem para a subida dos rios”, disse Goularte.
De acordo com a meteorologista, a chuva acima da média na cabeceira dos rios, principalmente na região da Cordilheira dos Andes, é o que mais tem afetado no nível dos rios. “Existem mais de 100 cidades em situação de alerta entre o Peru e a Bolívia, especialmente na região da divisa com o Acre. E essas chuvas estão se deslocando para o Amazonas.”
Outros rios
Apesar de já ter superado a cota de transbordamento na região de Rio Branco (AC), o rio Acre ainda não atingiu o nível d’água registrado na mesma data do ano da maior cheia, que foi 1997. De acordo com o hidrólogo do CPRM, a cota no rio Acre, esta quarta, estava em 15,66 metros. Nível acima do registrado na mesma data de 2011, mas abaixo dos 17,66 metros de 1997.
“Apesar de não ter atingido a marca histórica para o período, a cheia do rio Acre já deve estar afetando os ribeirinhos, pois já ultrapassou a cota de transbordamento. E, se a chuva continuar intensa sobre aquela região, esses efeitos podem ser sentidos até aqui em Manaus, já que o rio Acre deságua no Purus, que alimenta o Solimões e, consequentemente, o Negro”, esclareceu Oliveira.
O rio Purus, em Boca do Acre, nesta quarta, atingiu a marca dos 18,95 metros, bem acima do registrado em 2011 – 10,67 – e também 41 centímetros acima do registrado na mesma data do ano da maior cheia, em 1971.
 As bacias do Japurá e do rio Madeira, apresentam nível normal  para o período. Já a bacia do Amazonas, em Parintins, tem nível 59 centímetros abaixo do registrado na mesma data do ano da maior cheia.
A bacia do rio Negro, em Manaus, registrou elevação média de nove centímetros por dia, na última semana e cota de 25,14 metros, acima da registrada na mesma data de 2011, mas abaixo do recorde de 2009, que era de 29,77 metros nesse dia.
Tendência X previsão
Apesar da tendência de aumento no nível de parte dos rios amazônicos, ainda é cedo para fazer uma previsão sobre as cheias deste ano, que devem ter seus ‘picos’ somente em meados de junho, explicou Daniel de Oliveira.
“Tudo pode mudar até lá, é muito tempo. Não há como prever o regime de chuvas, que reflete nessa variação do nível dos rios. Só devemos começar a desenhar essas situações a partir de março, abril e maio”, disse.
Os municípios do Alto Juruá, segundo atestou o Centro de Monitoramento Ambiental do Subcomadec, em parceria com órgãos de meteorologia como o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), vem passando por anomalia climática conhecida como La Niña.
O fenômeno ocasionou a alteração do comportamento climático e hidrológico e consequente antecipação do período de chuvas na região do Juruá, previsto para o final de janeiro e meses seguintes.

Publicidade

Publicidade

Pesquisar este blog

Publicidade e Propaganda

Publicidade e Propaganda