quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ministério Publico Estadual afirma que ‘caixa 2’ partiu de Silas Câmara.

O Ministério Público Eleitoral (MPE) do Amazonas concluiu que os R$ 472 mil apreendidos no Acre pela Polícia Federal (PF) no dia 8 de setembro do ano passado partiram do deputado federal Silas Câmara (PSC), em  Manaus, para financiar a campanha da mulher dele, a também deputada federal Antônia Lúcia (PSC). Ambos se elegeram no ano passado.

Com base em depoimentos e escutas telefônicas, o MPE ingressou com uma representação por arrecadação ilícita e gastos ilícitos de recursos (‘caixa 2’). O Ministério Público Eleitoral do Acre também já tinha ingressado com uma ação contra Silas e a mulher dele criminalmente por corrupção eleitoral. A ação do Acre foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Na representação do MPE do Amazonas, o procurador Edmilson Barreiros afirma que é inacreditável que o deputado Silas Câmara tenha fretado um voo pelo valor de R$ 35.880 para transportar quatro resmas de cartazes de material de campanha para a campanha da mulher no Acre. Ele disse, na representação, que o valor do frete foi comprovado em Nota Fiscal (1467), obtida pelo MPE, no dia 7 de setembro do ano passado, um dia antes da apreensão do dinheiro.
O dinheiro foi apreendido em Rio Branco (AC) com um homem de nome não revelado pela polícia. Ele chegou a dizer à polícia que o dinheiro havia sido enviado por um empresário do interior do Amazonas para a Fundação Rede Boas Novas, da qual Antônia Silva é sócia.
Em entrevista ao jornal ‘O Rio Branco’, do Acre, cinco dias após a apreensão, Antonia Lúcia negou que os R$ 472 mil apreendidos no Acre eram destinados a sua campanha.
“Contra fatos, não há argumentos. Esse dinheiro nunca foi da minha empresa, que é a Rádio e Televisão Publicidade Ltda. Jamais este dinheiro vinha para as minhas mãos, ou para fazer política e ‘caixa 2’”, afirmou Antônia Lúcia, na época. Na prestação de contas de campanha, a mulher de Silas declarou gastos de apenas R$ 62,5 mil.
Antônia chegou a desafiar a polícia e a Justiça a provar que o dinheiro apreendido é ilegal. “Eu desafio qualquer autoridade policial ou qualquer juiz a provar que algum dia eu estive fazendo uso indevido de dinheiro”, disse ela na entrevista.
Segundo a candidata, a quantia encontrada pela PF que estava dividida em várias caixas de papelão é de um empresário de Boca do Acre (a 1.028 quilômetros a sudoeste de Manaus) que fez uma doação para a Rádio e Televisão Fundação Boas Novas da Igreja Assembleia de Deus, do Amazonas.
Reflexos
Edmilson Barreiros disse ainda, na representação, que documentos enviados pelo Ministério Público do Acre apontam que a grande operação de movimentação extracontábil de recursos coordenada por Silas Câmara em favor da mulher gerou reflexos na campanha dele no Amazonas.
O procurador afirma ainda que ficou provado que Silas usou bens públicos (como telefones fornecidos pela Câmara Federal), “operou, dirigiu decisões de campanha política, bem como tramou a entrega de recursos financeiros à mulher sem declarar em sua prestação de contas”.
Na prestação de contas do deputado federal Silas não aparece a doação de R$ 472 mil à mulher. E na prestação de contas de Antônia Lúcia não há recebimento de doação nesse valor.
Para o MPE, tanto a deputada quanto o marido coordenaram uma quadrilha que utilizou a Fundação Boas Novas para campanha eleitoral dos dois em 2010.
Entre as vantagens entregues aos eleitores em troca de votos, segundo o MPE, estão a doação de bicicletas, gasolina, motores, próteses dentárias, óculos e o próprio dinheiro em espécie.
A representação do MPE também sustenta que os dois fizeram a captação de pastores e fiéis tanto na Assembleia de Deus quanto em outras igrejas através de elaboração de listas de eleitores para a compra de votos.
A reportagem tentou contato com Silas e Antônia, mas não obteve sucesso.

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