Em
meio à crise no sistema prisional da capital, que levou à troca de comando na
Secretaria de Estado de Justiça (Sejus), denúncias de maus tratos no presídio
de Manacapuru mostram que o problema também é critico no interior, onde faltam
comida e espaço nas celas para os detentos e sobram irregularidades.
Em
Manacapuru, familiares de presos denunciaram os maus tratos sofridos pelos
detentos, que vivem em celas em condições precárias de higiene e recebem uma
alimentação de qualidade duvidosa, segundo relatou Carla Oliveira*, 34, esposa
de um preso da cadeia de Manacapuru. “A comida que os presos recebem tem cabelo
e unha”, afirmou.
Segundo
o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Epitáfio Almeida, a alimentação é apenas um dos problemas que,
diariamente, são denunciados nos presídios do Amazonas. A superlotação é outra
questão que gera grande reclamação, diz ele.
De
acordo com Almeida, o presídio de Manacapuru, na verdade, é uma delegacia que
foi ampliada para “depositar” pessoas. “As condições do lugar são insalubres e
desumanas, não existe um espaço para banho de sol entre outras coisas”,
enfatizou Almeida.
Outro
exemplo é a delegacia de Iranduba, onde todos os presos são colocados em duas
celas. “É muito comum ver até 30 presos dividindo a cela em delegacias, pois em
muitas cidades não há penitenciárias”, relatou Almeida.
“É
uma questão de respeito à dignidade humana. Entra secretário, sai secretário, e
as coisas não estão mudando. Estamos aguardando pela construção dos presídios
de Tefé e Maués para ver se a situação melhora”.
Para
a coordenadora estadual da pastoral carcerária no Amazonas, Maria Marques,
entre as principais reclamações dos presos e familiares deles estão a falta de
comida, o desvio de alimentos, a morosidade da Justiça e a superlotação nas
celas. “Vemos que a situação é ruim. Eles reclamam, por exemplo, que em uma
cela enquanto um dorme o outro fica em pé, mas nossa ajuda ali é tentar
amenizar a situação”, afirmou.
Maria
disse ainda que a pastoral tenta também auxiliar familiares dos presos e
prestar um serviço social a toda a família que sofre com o fato de ter um
familiar preso. “Nos municípios mais distantes a situação é bem pior”,
acrescentou Maria.