segunda-feira, 25 de março de 2013

Governo do Estado já cadastrou 1,2 mil famílias no programa Águas para Todos

Moradores de comunidades isoladas no interior do Amazonas que sofrem com falta de água potável começaram a ser cadastrados pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), no programa Água para Todos. As missões de registro começaram há duas semanas com cadastro de famílias em Manaquiri, Itacoatiara, Anamã, Caapiranga e Manacapuru. Cerca de 1,2 mil famílias foram cadastradas até a semana passada. As primeiras instalações estão previstas para maio.

Mais de 10,1 mil famílias em dezesseis municípios serão contempladas com o programa Água para Todos. O programa consiste na instalação nas casas de um sistema de captação de água da chuva. Cada residência incluída vai ganhar telhados novos (quando necessário), calha e uma caixa de dois mil litros para a reserva da família, nas casas em terra firme, e 500 litros nas palafitas. A cada agrupamento de 25 casas será instalada uma caixa para a reserva comunitária, com capacidade para armazenar cinco mil litros de água. O programa também prevê a distribuição regular de hipoclorito por agentes de saúde da Fundação de Vigilância em Saúde para o tratamento da água.

A utilização de água da chuva para o consumo humano é uma alternativa que tem sido empregada em diversas partes do Brasil, principalmente na região Nordeste que enfrenta o problema histórico da seca. Na região amazônica, a medida deve alcançar 10,1 mil famílias, o equivalente a mais de 50 mil pessoas, que residem em comunidades distantes, que vivem em situação de vulnerabilidade social e enfrentam o problema da falta de água potável e do isolamento nos período de vazante do rio.

A qualidade da água foi atestada através de uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, ressalta o coordenador do Água para Todos no Amazonas, Luiz Andrade. “Foi comprovado que a água da chuva é de qualidade. Atende os parâmetros da legislação brasileira e só precisa, no caso dos parâmetros biológicos, receber o tratamento com o hipoclorito”, frisou.

No último sábado (23), a equipe do programa fez o cadastro nas comunidades de Manacapuru (a 79 quilômetros de Manaus). Na comunidade Sempre Viva, alguns moradores, beneficiados no antigo Pró-Chuva, possuem o sistema de caixas d’água para aproveitamento da chuva, mas ainda assim bebem água de má qualidade porque não recebem o tratamento com o hipoclorito.

Na casa do estudante Moab Souza, 20 anos, água para beber só a que tem guardada no balde no chão da cozinha. Ele conta que chega a navegar mais de um quilômetro de canoa para pegar água no poço artesiano mais próximo. “Aqui é muito difícil. Agora vai ser melhor. A gente vai ter a certeza de que a água é tratada”, disse.

Mesmo sabendo que a água do rio que banha a comunidade não é própria para o consumo, a aposentada Iracilda Neves, 62, a utiliza para beber e cozinhar. Ela relata que também costuma pegar água da chuva, mas não faz o tratamento adequado. “A água é um pouco escura, mas a gente usa para beber e fazer comida e tomar banho também”.

Segundo Andrade, do ponto de vista sanitário, a água retirada diretamente do rio não é potável, conforme os parâmetros de qualidade hídrica estabelecidos pelo Ministério da Saúde.  “No período de cheia, a gente tem em abundância, mas a qualidade dela não é potável e precisa de tratamento. No período da seca, é totalmente imprópria para o consumo e, na maioria das regiões, a água sofre um processo de fermentação porque esquenta e isso a deixa imprópria para o consumo”, ressaltou.

Um total de 16 municípios será beneficiado em todo o Amazonas. Além de Manaquiri, Itacoatiara, Anamã, Caapiranga e Manacapuru, onde o trabalho já começou, as ações vão chegar a Beruri, Canutama, Lábrea, Boca do Acre, Pauini, Tapauá, Anori, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira e Careiro da Várzea.

Coordenado pela SDS, o programa está orçado em R$ 44 milhões com recursos do Plano Brasil sem Miséria do Governo Federal. Durante as ações, os agentes também fazem a inscrição para o Bolsa Família. Cem famílias de baixa renda, que ainda não eram atendidas pelo programa, já foram identificadas.

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