Índios hupdas de São Gabriel da Cachoeira (a 860 km
de Manaus) denunciam problemas no atendimento à saúde na região após a morte de
duas crianças.
Segundo o índio hupda Jorge Pires, 39, as crianças,
da comunidade de Taracuá, no alto rio Negro, morreram no dia 16 passado, sem
assistência médica e apresentando sintomas como vômito, diarreia e febre.
"Não tinha equipe de saúde, as crianças
começaram a cair doentes e não tinha remédios", afirmou Pires.
A Secretaria Especial de Saúde Indígena do
Ministério da Saúde informou que uma equipe multidisciplinar, formada por
médico, assistente social, enfermeiro e engenheiro, foi enviada anteontem ao
local para investigar a causa das mortes das crianças.
O órgão disse também que equipes de saúde visitam
as aldeias da etnia a cada 30 dias. A ONG Associação Saúde Sem Limites diz
ainda que há outras quatro crianças e um adulto doentes com os mesmos sintomas
na aldeia.
O Ministério da Saúde nega surto de diarreia nas
aldeias e diz que são apenas dois casos.
Ao todo, 2.677 índios hupdas vivem na região do alto rio Negro. Na
comunidade de Taracuá são 202 índios da etnia. A aldeia fica no rio Tiquié,
afluente do rio Negro, a três dias de barco da sede de São Gabriel.
A assistência à saúde indígena é responsabilidade
do Ministério da Saúde, por meio do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei)
das cidades de São Gabriel, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.
Em dezembro de 2012, a Justiça Federal, atendendo
pedido do Ministério Público Federal, determinou que o Dsei garantisse o
fornecimento de remédios nas aldeias.