Após peregrinação, a Prefeitura de Envira (a 1.215 quilômetros de
Manaus) conseguiu emprestar um cilindro de oxigênio para o hospital da
cidade socorrer um paciente internado com sintomas de Acidente Vascular
Cerebral (AVC). O prefeito de Envira, Rômulo Matos (PPS), declarou que a situação vivida
no último domingo, com o hospital da cidade sem oxigênio, aliada a
demora para concluir a unidade de saúde, exemplifica a precariedade em
que se encontra o sistema de saúde pública nos municípios mais distantes
da capital do Estado. Matéria publicada na A CRITICA mostrou
que as obras dos hospitais de Envira, Tabatinga, Humaitá e São Paulo de
Olivença estão atrasadas em até quatro anos e meio.
Após pedir ajuda aos municípios vizinhos - Eirunepé (a 1.245
quilômetros de Manaus) e até Feijó, no Estado do Acre -, o hospital de
Envira foi socorrido pela unidade de saúde de Ipixuna (a 1.368
quilômetros da capital amazonense). Na tarde de domingo, a
Prefeitura de Envira alugou um avião para levar o cilindro de oxigênio
até o município. O paciente que passou pela dificuldade de atendimento
no hospital de Envira foi o padre Theo Fersere, de 78 anos, pároco mais
antigo do município. Segundo informações da direção do hospital, após
receber o auxílio do equipamento, o quadro de saúde do religioso
melhorou.
“Estávamos pensando em transferi-lo com urgência para
Manaus, mas, graças a Deus, ele apresentou melhora”, informou o diretor
do hospital, Magno Lopes. Segundo o diretor, o hospital compra
oxigênio de comerciantes locais. Por causa da distância do município de
Manaus, tanto a unidade de saúde quanto os vendedores têm dificuldade de
manter seus estoques. “Tivemos algumas emergências com outros
pacientes, e no domingo não tínhamos mais oxigênio”, explicou o gestor.
Magno disse que o hospital de Ipuxuna cedeu apenas um cilindro de
oxigênio, pois também estava com dificuldade. Segundo o diretor,
Eirunepé e Feijó não puderam ajudar o hospital de Envira porque também
não tinham o equipamento. As obras de reforma e conclusão do hospital de Envira são as mais
atrasadas entre os municípios Segundo levantamento feito no “Mapa de Obras do Governo do Amazonas”
(http://sicop.am.gov.br/sicop/), o prazo para conclusão daquela unidade
de saúde saltou de 90 para 1.860 dias (cinco anos). Mas, segundo o prefeito de Envira, Rômulo Matos (PPS), a construção
do hospital da cidade se arrasta desde o ano 2000. “Esse novo prazo (90
dias) era apenas o de um novo convênio que foi feito para concluir a
obra”, explicou Rômulo. No dia 13 de março de 2006, o Governo do
Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), assinou um
convênio com a Prefeitura de Envira para concluir o hospital. O Estado
ficou responsável pela liberação da verba, R$ 1,5 milhão, e a Prefeitura
pela contratação da empresa que faria o serviço. Cinco anos e dez
meses depois do convênio, o trabalho permanece incompleto. No domingo
(29), o secretário executivo de Assistência à Saúde do Interior da
Susam, Evandro Melo, prometeu que o Governo do Estado vai abrir
licitação para reiniciar as obras do hospital de Envira. Sobre os
hospitais de Tabatinga, Humaitá e São Paulo de Olivença, o secretário
disse que os três serão concluídos este ano.